Quase 89 mil pessoas morreram em 2023 vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), de acordo com o Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil. Segundo a Rede Brasil AVC, a doença é uma das principais causas de mortes no Brasil.

Estudo recente publicado pela revista científica Lancet Neurology alerta que o mal súbito pode causar cerca de 10 milhões de mortes no mundo por ano até 2050 — e os países de baixa e média renda devem ser os mais afetados.

Em 2020, 6,6 milhões de pessoas morreram no mundo em decorrência da doença. Conforme o estudo, a falta de consciência das pessoas sobre o AVC é uma das principais barreiras identificadas. Neste domingo, 29 de outubro, celebra-se o Dia Mundial do AVC, voltado para a conscientização da população. 

O neurocirurgião e especialista em doenças cerebrovasculares Victor Hugo Espíndola lembra que se trata de uma condição que tem tratamento e ressalta a importância de identificar a doença da maneira mais precoce possível para a obtenção de melhores resultados no tratamento e, assim, reduzir o número de mortes e evitar sequelas. O neurocirurgião destaca ainda que a doença é extremamente grave, mas pode ser prevenida.

“Vale lembrar que a prevenção do AVC é a coisa mais importante que tem, a gente consegue evitar até 80% dos AVCs com bons atos de vida, então é fazendo atividade física regular, alimentação adequada, controlando a pressão arterial, controlando o diabetes, controlando a obesidade, então mantendo-se um estilo de vida saudável, com alimentação saudável, com atividade física, a gente consegue evitar a grande maioria dos AVCs”, afirma

Espíndola explica que os médicos costumam utilizar o acrônimo “SAMU” para  identificar rapidamente um AVC.  “S, a gente pede para o paciente sorrir. Se tiver uma assimetria de face, uma boca torta, um sorriso torto, a gente tem que suspeitar de AVC. O A, de abraço, a gente pede para o paciente levantar os dois braços e ver se tem diferença de força de um braço do outro. O M, de música, pede para o paciente cantar uma música, recitar um poema, conversa com ele. Se tiver alguma dificuldade de exercer alguma dessas funções, você tem que suspeitar que ele possa estar tendo um AVC. E o U de urgência.”

AVC

A biomédica Miriam Gontijo sofreu um AVC aos 33 anos, nove dias após o nascimento da filha mais nova. Hoje ela tem 45 anos. Miriam conta que foi ao hospital depois de um desconforto respiratório e lá descobriu que estava com a pressão muito alta. Enquanto os médicos investigavam as possíveis causas, passou a ter fortes dores de cabeça e vômitos. Depois, teve uma convulsão e ficou em coma induzido. 

“Foi quando identificaram o AVC hemorrágico dos dois lados do cérebro. Realizaram a inserção de cateter para poder drenar e fiquei em coma induzido por 18 dias. Após isso, fiquei hospitalizada por 32. Quando todos acharam que eu não conseguia nem me restabelecer, saí do hospital andando, falando, sem nenhuma sequela. E não tomo nenhuma medicação. Já se passaram 12 anos e aqui estou para contar a história com muito orgulho, muito carinho, muita gratidão a Deus”, conta. 

Segundo o Ministério da Saúde, existem dois tipos de AVC, que ocorrem por motivos diferentes. O mais comum é o isquêmico, responsável por 85% dos casos. Ocorre quando a passagem de oxigênio para as células cerebrais é impedida por uma obstrução arterial.

Já o hemorrágico representa 15% dos casos e é causado por um rompimento de um vaso cerebral que provoca hemorragia. De acordo com o ministério,  o diagnóstico é feito por meio de exames de imagem para identificar a área do cérebro afetada. Em caso de um dos sintomas abaixo, a recomendação é ligar imediatamente para o número 192, do Serviço de Atendimento Médico de Urgência. 

Sintomas

  • Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
  • Confusão mental;
  • Alteração da fala ou compreensão;
  • Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
  • Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

Fatores de Risco

  • Hipertensão;
  • Diabetes tipo 2;
  • Colesterol alto;
  • Sobrepeso;
  • Obesidade;
  • Tabagismo;
  • Uso excessivo de álcool;
  • Idade avançada;
  • Sedentarismo;
  • Uso de drogas ilícitas;
  • Histórico familiar;
  • Ser do sexo masculino.
     



Fonte: Brasil 61