Os bloqueios em diferentes estradas do país continuam nesta terça-feira, mesmo depois que o  Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, na noite da segunda-feira (31), que as vias fossem liberadas. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as polícias militares dos estados estão escaladas e agem desde o começo da terça para desbloquear os pontos, que se concentram em 22 estados e no Distrito Federal. 
O presidente do STF, ministro Alexandre de Moraes, estipulou multa de R$ 100 mil por hora para o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e para caminhoneiros que descumprirem a medida. 

A maior preocupação é com relação ao desabastecimento de produtos alimentícios, cargas vivas e combustíveis, que estão parados nos bloqueios das estradas. De acordo com representantes do setor produtivo, as linhas de produção de carnes estão desacelerando e existe uma potencial chance de que a produção seja suspensa, ainda segundo esses representantes, animais, rações e produtos refrigerados estão parados em pontos de bloqueio. E os veículos que se dirigem aos portos do país estão com dificuldades em acessar esses pontos.  

Um dos estados com mais pontos de bloqueio, Santa Catarina, é também um dos  maiores produtores de proteína animal do país e já começa a sofrer com os bloqueios. O vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (FAESC), Enori Barbieri , fala sobre as dificuldades que os produtores já começam a sentir. 

“Nós temos uma estrutura em Santa Catarina, de pequenas  propriedades, poucas rodovias, e uma produção muito grande de suínos, aves e leite que são produtos muito perecíveis, pela falta de comida, já que não chega o caminhão, ou pela retirada do leite.”

O presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis de Campinas e Região (Recap), Emilio Martins, explica que nessa segunda (31) não houve falta de combustíveis porque a reposição acontece sempre no começo da semana. Mas a situação na região metropolitana de São Paulo pode se tornar dramática. 

“Muitos postos já sem combustível, um feriado amanhã [quarta-feira], muita gente já precisando viajar, sair daqui, muitas pessoas precisando vir para cá, uma situação muito crítica. Eu acredito que o desabastecimento robusto vai acontecer hoje [terça-feira] no final da tarde e amanhã acho que já vamos ter muitos problemas”, acredita

Além dos problemas em terra, a malha aeroviária do país também enfrenta problemas. Durante a manhã de terça-feira, a concessionária GRU Airport, responsável pelo aeroporto de Guarulhos (SP), informou que 25 voos foram cancelados, sendo 12 ainda nesta segunda-feira (31) e outros 13 na terça. Parte dos voos eram da companhia aérea Latam, que informou, em nota, que por conta de bloqueios de importantes vias do Brasil, uma situação alheia ao controle da companhia, alguns voos acabaram impactados. 

Em nota, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirmou na segunda-feira (31) que as paralisações de rodovias por caminhoneiros que ocorrem em vários locais do país podem gerar desabastecimento e impactar a cadeia produtiva. A bancada ressaltou que respeita o direito à manifestação, mas pediu que as rodovias sejam liberadas para cargas vivas, ração, ambulâncias e produtos de primeira necessidade.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em nota, também se posicionou contrariamente a qualquer movimento que comprometa a livre circulação de trabalhadores e o transporte de cargas e que provoque prejuízos diretos no processo produtivo e na vida dos cidadãos. Segundo a Confederação, o direito constitucional de ir e vir dos brasileiros precisa ser respeitado. A CNI é veementemente contrária a qualquer manifestação antidemocrática que prejudique o país e sua população, diz a nota. 



Fonte: Brasil 61